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Apagão de mão de obra no Brasil: quais são os maiores desafios das empresas?
Um estudo recente conduzido pela Remunerar Consultoria, intitulado Cenário e perspectivas de trabalho no Brasil 2025, envolvendo 146 empresas entre abril e maio de 2025, traçou um panorama detalhado sobre o mercado de trabalho brasileiro e as razões por t

A questão inicial do estudo buscava entender se os auxílios do governo competem com as vagas formais CLT. A resposta foi afirmativa, mas com nuances: para cargos operacionais, essa competição é mais acentuada, enquanto para especialistas o impacto é menor. A pesquisa, contudo, revelou que a competição vai muito além dos auxílios. Itens como a remuneração fixa e variável, carga horária, home office e flexibilidade são fatores cada vez mais valorizados pelos profissionais.
“Questões como home office e questionamento de jornada dispararam com a pandemia. Isso afetou de forma reta a economia em todos os níveis. Estamos vivendo parte de uma revolução que começou na Revolução Industrial, sobre como o trabalho se combina com a vida. E do trabalho vem tudo. Estamos em um capítulo de evolução da humanidade versus o que se produz”, pontua Marcelo Samogin, diretor da Remunerar.
O estudo destaca um paradoxo: mesmo com uma taxa oficial de desemprego em torno de 6,6% e crescimento do PIB, o endividamento das famílias e os pedidos de recuperação judicial entre micro e pequenas empresas - que geram a maior parte dos empregos - dispararam. Dados do Serasa mostram crescimento de 40,7% no número de dívidas negativadas e aumento de 28,9% no tamanho médio das dívidas das famílias.
Outro fator é a crescente "pejotização" do mercado. O crescimento de MEIs e outros formatos de trabalho fora da CLT oferece maior autonomia e, em alguns casos, maior renda: segundo estudo da FGV, a renda média dos MEIs supera inclusive a de trabalhadores formais com carteira assinada.
A questão educacional também pesa. Apesar de avanços, cerca de 49,2% da população brasileira ainda possui ensino fundamental incompleto ou ensino médio incompleto, impactando diretamente a produtividade. Adicionalmente, observa-se um descompasso entre formação e demanda de mercado: 18,9% dos formados em Logística e 18,2% dos agrônomos estão sem emprego, enquanto 40% dos biólogos atuam em outras áreas, apesar de setores como agronegócio e meio ambiente serem estratégicos para o Brasil.
Para a Remunerar, uma das saídas está na transformação das práticas de gestão de pessoas. Investir em remuneração variável baseada em resultados (KPIs e OKRs), planos de carreira mais transparentes, promoções por competências e maior foco em prevenção e qualidade de vida são apontados como caminhos para escapar da armadilha da baixa produtividade. Apenas 25% das empresas entrevistadas possuem plano de bonificação por metas, e 37% contam com plano de cargos estruturado.
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