Jennifer Oda
A mulher é mãe terra em forma de gente.
Que toda lavoura floresça sob a luz dessa verdade

Maio chega com a força das estações que transformam a terra em vida. É o mês das mães. Tempo de celebração e reverência àquelas que, como a Mãe Terra, geram abundância com as próprias mãos. Mulheres que cuidam de suas famílias, sim, mas que também cuidam das comunidades, dos ciclos naturais e dos frutos que alimentam um país inteiro.
O agro presta aqui uma homenagem especial a elas — mulheres que expandem amor onde há dor, oferecem alimento onde há carência, e mantêm viva a fé onde muitos já não acreditam.
Três mulheres. Três histórias. Um só espírito: servir com humildade, fé e propósito. Em tempos urgentes, em que muito se fala e pouco se enraíza, elas nos ensinam que o essencial não está nos holofotes — mas nas raízes. Nas mãos que dividem o pão, nos olhos que acolhem, na terra que floresce silenciosamente.
Sônia Bonato, a Mãe do Agro, é a força firme e generosa por trás de tantas outras mulheres do campo. Seu carisma e autenticidade abriram caminhos no agronegócio, mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser — inclusive liderando fazendas, eventos e narrativas. No Agrishow 2025, Sônia idealizou e liderou o projeto “Fortes do Agro para Elas”, um espaço de visibilidade, pertencimento e celebração da força feminina no setor. Sua fala, sempre firme e cheia de fé, é como uma semente lançada ao solo fértil: ela brota esperança onde antes havia silêncio.
Talita Cury decidiu plantar o futuro com as próprias mãos — e com os filhos ao lado. Ao perceber que seus pequenos, Benício e Enrico, estavam aprendendo nas escolas uma visão desconectada e enviesada sobre o agro, ela transformou a dor em ação. Criou o projeto “Crianças no Agro”, que já alcançou milhares de alunos com uma narrativa verdadeira, moderna e comprometida com a sustentabilidade. Mas ela foi além: fundou também o movimento “Damas do Agro”, para impulsionar a liderança feminina e criar redes de apoio entre mulheres do setor. Talita, além de executiva do Grupo Santa Clara, é uma mãe que ensina com propósito, que educa com amor e que transforma o conhecimento em alimento para o futuro.
Kátia Fenner, em São Joaquim (SC), nos oferece mais do que maçãs: ela nos dá memória. Em sua cidade, a fruta é mais do que produto agrícola — é identidade. As mulheres que classificam, colhem e embalam são guardiãs de um saber antigo, passado de mãe para filha, preservado nas tortas feitas com raspas de maçã, no chá que aquece os dias frios e nas histórias contadas à beira do fogão. Kátia honra essas mulheres e nos lembra que o agro também vive na cozinha, no cuidado, na tradição silenciosa das mãos que limpam, colhem, cozinham e curam.
Assim como Maria, que guardava tudo em seu coração, essas mulheres guardam os ciclos da natureza com sabedoria e nos mostram que há tempo para tudo: para plantar, para cuidar e para dividir. E que nesse tempo — feminino, forte e fértil — se colhem os frutos mais duradouros do agro: os que nascem do amor.
Que suas histórias, vividas com fé e coragem, inspirem muitas outras a semear um agro mais humano, mais belo e mais próximo de Deus.
Jennifer Oda é Engenheira Agrônoma de formação e comunicadora por missão: acredita que toda mulher no agro carrega um pouco de terra nos pés e muito céu no coração. Escreve sobre gente, fé e raízes que florescem. Acompanhe suas reflexões no Instagram @jennifer.oda
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